terça-feira, 21 de junho de 2011

O Invocador de Demônios; Parte 1

- Olá querido, tudo bem? Sim, já estou aqui, te esperando.


Se despedindo, ele desliga seu celular, sai da estação de metrô, acende um cigarro e segue para a porta do cinema aonde iria se encontrar com Nemissa, sua nova namorada.


Estavam juntos há pouco mais de um mês e como toda relação em seu início, tinha todas as regalias de uma paixão em seu estado mais verdadeiro, dava passos confiantes e orgulhosos.

Cinco minutos depois, o rapaz alcança o cinema, abraços e beijos em sua amada.

- Ai, você não acredita! Esqueci os ingressos em casa, vamos lá que ainda temos tempo!

Sem pestanejar ele seguiu com ela pelas ruas, apenas com a companhia das luzes da cidade. Tinham mais de quarenta minutos ainda para o início da sessão e uma ida até a casa de Nemissa seria uma boa ideia, se...

... se o mundo não fosse capaz de surpresas horríveis
sempre que momentos de felicidades são desfrutados por pessoas de boa índole.

Os dois andavam no beco aonde ficava a entrada para o prédio da moça, paços curtos sem pressa. Quando do céu aparece um ser monstruoso. Era uma aparição assombrosa, apresentada em forma humanóide com asas. Não havia muito do que se dizer sobre a criatura já que sua presença causava tontura e náuseas, o medo que ela transmitia era tanto que seria impossível para qualquer pessoa encarar tal besta. Nemissa foi a primeira a cair, não teve nem o apoio do namorado que tremia de medo e também estava quase apagando quando uma luz surgiu.

Quando conseguiu enxergar novamente, o garoto estava próximo de um homem. Ele era magro e alto, cabelos negros com um longo topete, vestia um paletó cinza, no mesmo tom de sua calça, uma camisa roxa por dentro com uma gravata amarela. Ele estava sorrindo e esticando a mão para o rapaz caído ao chão.
- Vamos rapaz, levante. Não fique tão assustando com um demônio de tão pequeno porte!

Esticando a mão, o jovem aceita a ajuda do estranho, levanta e olha para o lado. Nemissa está lá deitada. O rapaz tenta acorda-la e consegue.

- O que aconteceu? Quem é esse moço?

Ela não parava de perguntar e quais seriam as respostas para lhe dar? O rapaz não sabia.

Subitamente, o homem que acabara de acender um cigarro, o mesmo que heroicamente salvara a vida do casal, cai!
O rapaz olha para ele, o cigarro de um lado, o corpo do outro, os olhos ainda abertos, o rosto continha uma feição de horror e dor. Seus sinais vitais desapareceram para sempre.

Assustado, o jovem sente algo lhe atingir as costas, uma pontada bem forte como uma grande injeção. Um borrão começa a aparecer em suas vistas e ele... apaga.

------------------------------------------------------------------------------------------------


O cheiro é estranho, tento abrir os olhos mas a claridade não permite. Estou sentado em algo que parece uma cadeira de madeira bem desconfortável. Há algo bastante pesado em minha cabeça, me parece um capacete de moto só que bem grande, minhas mãos estão atadas. Com o tempo, começo a redobrar a visão, não consigo enxergar nada referente ao capacete já que ele tampa toda a parte superior do que eu possa enxergar. Olhando para ao redor, tenho a impressão de estar em um grande armazém, uma porta enorme se encontra a pelo menos 15 metros em minha frente, do lado direito, uma pequena porta se encontra fechada, no vão da parte de baixo, é possível enxergar luzes de diversas cores piscando. Mas o que me chamara mais a atenção foram os muitos computadores ligados a minha volta, alguns deles tem grandes cabos que pela direção que seguem, parecem estar ligados em meu novo e enorme capacete. Nemissa ou aquele homem que me ajudara não se encontram em nenhum lugar. Aliás, aquele homem aparentava estar morto! Ai meu Deus, o que está acontecendo? O que era aquele monstro que aparecera? Por que estou aqui?

A porta abre...


Aparece em minha frente um homem. Moreno bem alto com cabelos grisalhos num penteado moicano, usa óculos escuros de lente vermelha, bem vestido com um terno verde bem escuro, camisa preta e gravata branca. O mais incrível era sua tatuagem, uma estrela vermelha do lado esquerdo da cabeça. Ele me encara firme nos olhos e abre um sorriso:

- Pobre coitado, quantos anos tem rapaz? Vinte? Vinte Dois? Bem, vamos começar logo, não temos muito tempo.

Os dedos do homem começam a deslizar pelo teclado de um dos computadores ligados ao meu capacete. Seus olhos viajavam no que via, seu rosto parecia em êxtase, ele sorria e gargalhava sozinho pronunciando grunhidos estranhos, nunca parava de digitar:

- Prepare-se garoto! Vamos começar nossa brincadeira.

A partir daí, todos os computadores começam a funcionar e várias imagens começam a aparecer nos monitores, os cabos começam a brilhar e o capacete em minha cabeça começa a emitir um som. Do capacete, sinto algo tocando minha cabeça, são como agulhas, várias delas, perfurando minha cabeça, tocando meu cérebro. Eu grito.
O grito de nada adianta, mesmo com o sangue escorrendo frente aos meus olhos, é possível ver o rosto daquele homem sorrindo, olhando para mim e para o monitor como se esperasse algum resultado.
Imagens começam a surgir, pessoas, lugares, monstros, começo a viajar por várias épocas. Era como se eu fosse várias pessoas, vejo pelos olhos de várias pessoas, um samurai no Japão Feudal, um marinheiro português do século 16, um político na antiga Roma, um soldado alemão na Segunda Guerra Mundial. São imagens que entraram em minha cabeça, a cada imagem sinto mais dores, começo a gritar e gritar mais até que em um momento as imagens param de aparecer:

- Seu tolo! O que você fez? Estragaste tudo! - o homem grita enfurecido - Bem, tudo bem, vamos brincar um pouco com você agora.

Eu pouco entendi o que ele disse, não tinha cabeça para raciocinar, sentia aquilo espetando minha cabeça. De repente, imagens da minha vida começam a aparecer, desde minha infância até os dias atuais, começa tudo a ficar bagunçado, começo a esquecer imagens e lembranças, de repente, não lembro meu próprio nome. Quem sou? minha imagem refletida ao espelho, é a de um estranho:

- Muito bem, pelo seu rosto de garoto perdido na selva me parece que te baguncei bastante. Bem, lhe aplicarei uma pequena dose dessa droga para que você sofra um pouco mais, afinal, você merece né? Você não me permitiu concluir o experimento.

Ele tira uma pequena seringa com conteúdo vermelho do bolso de seu paletó e aplica em meu braço. Sinto como se meu sangue esquentasse demais, é como se as veias fossem explodir. Meus olhos fecham de tanta dor, o corpo esquenta, meu cérebro e até meu coração parecem que estão fervendo, o mundo começa a girar, não sei mais o que estou enxergando, não sei mais o que estou sentindo.

-----------------------------------------------------------------------------------------------

O homem misterioso desamarra o jovem que agoniza de dor, para qualquer pessoa normal, a imagem do garoto seria aterradora e assustadora, mas não para um sádico. Da boca da vítima, sai uma quantidade considerável de espuma, dos furos de sua cabeça, vaza muito sangue, seu corpo está quente devido aos efeitos da droga, além da tremedeira. O homem arrastava o corpo em direção a uma porta aos fundos do galpão, em um certo ponto, o homem de cabelos grisalhos retira uma chave de seu bolso e a destranca.
Após a porta, existe uma escada de emergência que iria até uma parte baixa do galpão. Do outro lado, se encontrava o mar, o lugar era o porto da cidade. O homem levanta o rapaz até apoia-lo no corrimão da escada, usando um pouco mais de força, lança o corpo ao mar, que em poucos segundos desaparece.

O jovem, abalado e sem conseguir pensar em nada mais, não sentiu quando foi arrastado ou lançado ao mar, apenas não conseguia respirar devido a água que entrava pela sua boca ou nariz quando respirava. Sentia sua alma sair aos poucos de seu corpo, já havia desistido da vida, já havia esquecido de viver. Apenas a morte o esperava dali em diante.

15 minutos depois...

-----------------------------------------------------------------------------------------------

A dor de cabeça é grande, estou deitado nesse chão humido, abro os olhos lentamente e analiso o local. Era um beco pouco iluminado, existem sete prédios ao meu redor, três de cada lado e um em minha frente, espere! Estou em frente ao prédio de Nemissa!
Levanto, estou ainda meio tonto e quase encontro o chão novamente mas me seguro parede. Na porta de vidro, minha imagem é refletida e...

...e não sou eu, estou mais magro, vestido com um terno cinza, camisa roxa e uma gravata amarela, um rosto mais maduro. Mas como isso? Estou no corpo daquele que me salvara do demônio!




Continua...

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Perigo




Não quero tentar combater este amor

O quão perigoso pode ser?

Sei que todas as probabilidades são desfavoráveis

e a honestidade é esquecida,

muitos correm para a segurança,

a segurança de se apaixonar.



E o Perigo de um amor desse cair em desagregação

nas mão de uma outra Persona,

Qual o Perigo de se apaixonar e sentir

o frio suor cair no escuro sem fim,

Um fim tão completo, tão doce...



As coisas podem ter dado errado,

eles podem fazer com mais frequência ou não,

saltam tanto que perdem todo o ouro,

querem conhecer esta outra vida,

querem estar dos dois lados,

querem um ficar ao lado do outro.



Em um momento de calmaria no mundo, alguem escutava as mais doces palavras,

saindo da boca do casal, a não ser o olhar. O meio-demônio que observava os dois, sentados na cobertura de um prédio com visão para uma praia sem fim. Enquanto os carros passavam lá embaixo, ele escutava as belas palavras:




"O Sol brilha nas folhas, o vento é quente


e eu penso em você.


Seus olhos refletem o céu, sua voz, a maré.


Não importa o que faça ou fale,

só pensarei em você


Você consegue entender isso? porque eu entendo,


nós passamos por isso tudo e sei que houve uma razão para nos encontrarmos,


Então sempre haverá um modo para fazermos isso."





Os pensamentos daquele que observava cercou ele,

pois toda a memória de seu nome estava silenciosamente insana,

cheio de dúvidas.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Concepção







Um mundo que perde seu poder está fadado ao nada. Se for este o destino deste mundo, então cabe a mim devolve-lo ao útero de sua mãe. Ele precisa primeiro morrer para depois, poder nascer novamente.










Esta, é a única forma "justa" de salvação, o mundo irá sucumbir de seus pecados e todos os humanos irão desaparecer!










Mas, de verdade, não queria que você dividisse esse destino, queria poder te ajudar a continuar vivendo. A partir de agora, a única coisa que a manterá viva, é a sua própria vontade de viver, não perca nunca o prazer de saber que ainda respira, de que ainda está aqui!










E nem me olhe assim, pois nem pelo fim do mundo derramarei outra lágrima